terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Ode ao desejo

Quero agarrar sua voz. Quero beber do seu sorriso. Quero tocar cada pedacinho e sentir o aroma das notas que vem do seu calor.

Quero perder o juízo... sem perder a educação. Quero deixar o desejo guiar-me ao encontro desta imensidão.

Quero que me chame, quero que me enlace. Quero que me mire com olhos de convite! Quero que me encare! Por favor me convoque a ser sua....

Só por uma dança, só por uma chama, só por um suspiro, uma noite ou uma semana.

Eu quero te entrar! Te quero me soltar... Sei que te esbravejo.... e você me transparece!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Como vai seu "time"?

Nossa relação com o tempo está tão impositiva que ficou chata, até. A gente nem sabe o que está fazendo com ele... E terminar a relação é acabar com tudo, com qualquer possibilidade de negociação. Seria realmente acreditar que o tempo não serve pra nada. Mas ele serve pra tanta coisa... Pra pensar, conquistar, começar, terminar, mudar, perceber, compreender, descobrir, aprender, arrepender, sentir, sonhar, dormir, lembrar, esquecer, pirar, realizar, demenciar, apaixonar, desiludir, alcançar, dançar, crescer, envelhecer, amadurecer... Viver, morrer.

Tempo é dinheiro? Apenas e tão somente? Quanto tempo o tempo tem?

Tempo... Eu te namoro há tanto tempo que nem sei se tu és meu. Ou se existo apenas porque sempre esteve comigo, em cada segundo da minha existência. Tempo... Lembrei de Deus. Tempo... Um curioso mistério. Não quero apenas te desfrutar. Quero amar-te e respeitar-te, na saúde e na doença. Quero aprender a conviver contigo pois está comigo em todos momentos. Algumas palavras não existiram sem você. Na verdade, o que seria a vida sem você?

Tempo... Andam querendo muito te controlar. Querem mexer no que há de mais genuíno em você, no seu ritmo. Até as frutas estão perdidas! Na fruteira aqui de casa, bananas de verdes ficaram velhas. Elas se esqueceram de como amadurecer? Acho que esse mal também tem acometido pessoas por aqui, querido tempo.

Obrigada por existir e por me fazer ser e estar... E tantos outros verbos. A sua presença é sagrada e faz história, mas as vezes banalizamos isso com o costume dos relógios. Querido tempo, que a nossa existência valorize a sua. E que isso nos conduza a uma convivência respeitosa e a uma existência mais presente. Afinal, do que a vida é feita senão de muitos presentes?

Que duram como experiência.

domingo, 6 de dezembro de 2015

He for she

Ele a entendia sem esforço. Podia senti-la. Lia seu coração sem palavras e se abria num sorriso. Tornava-se belo ao ser o que era. Ela queria contar-lhe tudo, mas lembrou-se que nem tudo se conta. Há o que se canta e o que se encanta. Queria ela saber por onde começar.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Dormideira

Estava triste de se perceber. Naquele dia tendia tanto para o sim que se afastava de propostas. Tinha receio de se perder e encontrar-se de ponta cabeça.

Estava em aflição. Seu coração se confundia em si mesmo e os afetos não achavam a saída. Sentia-se feita de boba, trapaceira de si mesma. Não sabia se estava em si ou se já era outra. Se estava dentro ou fora.  Via-se sem se encontrar. Enxergava  a dor com o tato, feito criança, que pra ver tem que tocar.

Às vezes fosse isso, pensou.  Talvez eu tenha virado criança de mim sem precisar me apequenar. É melhor do que entristecer. E assim decidiu que seria, até que o perigo passasse e conseguisse se desencolher.

sábado, 5 de setembro de 2015

Me-te-se-nos ou Tempos Verbais


Hoje estava perigosa, com medo de si. Solta, gostosa, querendo mais. Prazer em si mesma já conseguira. O que queria mesmo eram outros braços, outras pernas... Outra pele. Queria o detalhe, a surpresa do ato. Algo diferente do que fosse seu. Aquele puxão, arranhão, um tapa de tesão. Dedo na boca entre beijos de se perder... e se achar sendo outra de si.

Ela queria sorrir de gargalhar. Permitir-se. Dizer 'tanto faz' ao escolher os melhores desejos carnais. Realizar. Arrebatar. Ser verbo, para conjugar. Porque ela quer aquele que conjugue o singular no plural. Ela quer outro eu em nós que se saibam desatar.

Agora ela está livre, segura em si. Esta noite dormirá com seus desejos no futuro do presente; pois ela quer tudo, não qualquer coisa.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Poderes

Um frio de dentro pra fora, de fora pra dentro. Que me cala, que me rasga; que me desobedece. Desassossego. Solidão. Brasão de frio e arpão. Eu quero a ti em mim. Agora. Não vá embora. Mas você nem está aqui.

Explode-me o coração na maior dignidade. O quanto mais se deve insistir? O quanto mais se deve esperar? Se for para silenciar, não me calo; me afasto. E digo de longe, em pensamento ou só para mim. Em voz alta para ver se o eco chega, se reverbera, te desperta. 

Não me responda. Pergunte. Para que eu possa dizer sim e não e porquês e não-sei-quês. Para que eu possa me dizer em palavras e desejos. Para que eu possa te agarrar em meus anseios e desfrutar de nós. Só por hoje. E por tantos dias mais a gente se quiser. Sem medo de absurdos.

domingo, 28 de junho de 2015

Willy-nilly

I was here thinking about how this is a huge irony. Get hurt in the same place you've been hurt before. Is this an error, a stupid thing, an accident, or simply your unconscious? Do you know this feeling? Anger, sadness, frustration, weakness... all of these together. And obviously a question came up: "how could I do this with myself?" Because those who have been hurt once know the details of recovery. We know how the bruise makes to be reminded at every opportunity. The healing is an scary process because the injured tissue becomes something different than itself and we never know if it will recover completely into the original shape or if we will always remember of the bruise because of the scar or the mark it let behind. As a remembrance for ourselves.

Get hurt twice in the same place is a warning: "Life marks us".