domingo, 20 de abril de 2014

Entre linhas

Sabia que aquilo tudo era digno. Era bonito demais, na verdade. Demorou para aceitar que aquelas palavras e marcas eram direcionadas para si. Agradece por dentro, as aceita com dificuldade por não poder retribuir. A cada dia que passava re-descobria algo novo que provava ser tudo aquilo para mais ninguém, mas para si. Não havia mais dúvida diante de tantas pistas que surgidas e somadas ao longo do tempo tornaram-se provas. De beleza, dedicação, fixação, talento, medo. Coragem de dizer aos sete ventos, receio de olhar nos olhos e dizer diretamente a quem se endereça a obra, a energia, a expectativa e em algum momento, até mesmo a frustração. Foi tudo lido, é tudo lindo de verdade. E permanece, pois homenagem e apreço não se paga, se recebe. Disse então sim porque sim, para tanto sentimento bom e bem dito. Aceitou receber, mas não iludir o remetente. E desejou no mais íntimo de seu aceite, que aquele remetente logo conseguisse remeter tanta beleza e dignidade para outrem que lhe pudesse retribuir.

2 comentários:

  1. Há vezes em que ser digno, se expressar com beleza, talento, demonstrar coragem, apreço e bons sentimentos não é suficiente.

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  2. É verdade... talvez porque a gente não tenha como saber de antemão o que é suficiente ou mesmo se queremos ser apenas suficientes.

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