terça-feira, 25 de maio de 2010

Regue-me

Eu treinava olhá-lo pelos olhos enquanto ele me rodopiava entre os dedos feito iô-iô. Olho no olho é tensão quando os lábios não dizem sim. Então sorrimos. Por que não? Era nossa permissão impensada em meio a tantas outras permissões que negociávamos naqueles momentos. Num nada de burocracia, tudo fluiu. Não me ocorreu pensar enquanto guiada por aquela correnteza. Generosa, deixava-me senti-la em cada gota: batia, sorria, voltava e de novo seguia o curso que a música pedia. Suas curvas sabiam como me segurar; deixavam-me dançante, mas não me deixavam escapar - talvez porque eu mesma não quisesse. Aquela correnteza me levava (e eu deixava) para o lugar que fosse. Eu só queria saber se ela me rodearia. Fez mais, muito mais: me abraçou um abraço de dar fôlego e não quis me decifrar. E nos seus olhos lembrei de como seu toque me oferece água para florescer, não para me afogar.

2 comentários:

  1. de novo não tenho o que dizer. Nem tem como falar o que seu texto fez de novo em mim. Dessa vez não tento mesmo.

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  2. Eu (impensada e arrogantemente digo que) criei um monstro!
    Dá pra sentir o forró cortando, Paula.
    Não quero te vender, mas é horrível conceber um paradigma onde tantas pessoas deixaram de ler o seu reggae-me.
    Sabe o orgulhinho que se sente? Então. Quero roubar um pouco para sentir agora.

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