terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Cuando Acaba la Noche

"É a liberdade de um que se conecta com a liberdade do outro. Nós amamos a ausência de definição do outro, não suas características marcadas e consolidadas." (GITTI, Gustavo; disponível em: http://nao2nao1.com.br/)

Tem vezes que é tão intenso e desordenado que não dá pra escrever. Não um desordenado que não faz sentido, mas daquele que palavras dificilmente conseguem captar. É engraçado como essa sensação mexe no imaginário; faz correr a cortina que tampava a entrada da ponte. A ligação sempre esteve lá, porém jamais sentimos que podíamos atravessá-la e revisitar momentos de outra época que sabemos muito bem qual seja. Mas agora, não por um motivo facilmente palpável, a cortina pareceu-nos tão berrante e a passagem tão clara... foi como um convite. E simplesmente aceitamos, sem saber que estávamos num mesmo momento.

Nostalgia descreve quase bem o que senti, embora cada palavra tenha sido diferente de tudo que eu havia pensado para aquela ocasião – caso ela realmente viesse a acontecer. Estranho complementaria a nostalgia. É isso que dá quando somos surpreendidos pela novidade do óbvio. Recaminhar pelo mesmo espaço com uma nova luz e uma decoração mais leve que pedia para ser vista e admirada; foi exatamente o que fizemos. O que antes estava tão quieto e escondido, agora pedia para ser notado; mais, até. Explorado. Mas a exploração não estava compassada, meus passos se empolgavam enquanto os seus apenas queriam caminhar, sem aumentar o ritmo. Sem coragem para pedir que me acompanhasse, cedi. Apenas freei e senti o seu compasso tomar conta da minha contenção. Era o seu ritmo que estava no ar, nas paredes, nas entranhas daquele lugar. Preenchia tudo, eu não podia me apoderar disso. Afinal, o primeiro passo fora seu e isso fez toda a diferença.

E então percebi que não queria que fosse assim, mas também não queria mudar o que estava sendo. Apenas não queria a conclusão, mas a confirmação de que algumas coisas simplesmente continuam traçando suas histórias, sem cogitarem um fim.

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