Sabe quando aquela gotinha de chuva escorre pela folha e dá vontade de chorar? Pelas tristezas que descem depois de virem à tona, pela beleza da vida, simples e acolhedora, reconfortante para os que ainda esperam algo mais. Está tudo sempre tão na cara, tão na frente, que não conseguimos enxergar. Como quando uma estrela ofusca o brilho da outra por parecerem milimetricamente próximas vistas pelos nossos olhos.
Talvez as circunstâncias estivessem me jogando na cara o tempo todo que você desapareceria novamente. Daquele desaparecer que ainda dá notícias, mas parece mais distante que o mutismo. Eu devia esperar. Na verdade, eu já sabia, apenas não fazia questão de imaginar como seria. E agora é, antes mesmo do meu previsto.
A pergunta que fica, porém, no rastro da gota que se despede é: por quê? Por que ainda espero algo disso tudo? Você é sinônimo de tempo, de indefinido. E nada explica esse esperar que se esconde atrás de leveza e risadas. Parece que novamente as circunstâncias tentam me dizer algo. Muito provavelmente, que nossa comunicação é incomunicável demais para haver compreensão. As coisas poderiam simplesmente ser ditas; você já pensou nisso? Seria mais prático e menos decepcionante. Ao menos seria mais fácil, para mim, deixar a gota seguir seu curso de vez se você parasse de dar pistas falsas ou fingir que se importa. É verdade que isto parecerá senso comum – quem disse que nele não há conhecimento prático? –, mas é absolutamente sério quando dizem para não prometer o que não se pode cumprir. E você não pode, nunca pôde, já que nunca cumpriu.
Você sabe como conhecer e como conquistar pessoas, mas talvez não saiba como as suas mesmas palavras que divertem e acalentam os outros podem maltratar esperanças. O fato é que nunca sei realmente quando fala sério. É uma brilhante estratégia quando não se quer nenhum tipo de responsabilidade.
Seja lá onde estiver agora, mais uma vez tentarei não me importar, para que a mágoa possa escorrer e, quem sabe, com ela também vá você. E não se preocupe, pois fecharei os olhos para não ver os rastros desta vez.
Àqueles que já se magoaram por palavras não ditas.
Não me atrevo a comentar sobre o conteúdo desse texto, afinal, parece ter um destinatário certo e ter como inspiração uma história que eu desconheço. Digo apenas que gostei da emotividade e da naturalidade na exposição. Na verdade, estou aqui para agradecer o comentário do texto do João-Bobo (pensei em coisas legais a partir dele) e te responder a pergunta que deixou: Você não devia naturalmente saber quem sou, afinal, não estou próximo de você no cotidiano há muito tempo. O pseudônimo é só uma brincadeira. Como acho que você ainda não sabe quem sou, vou manter o segredo por enquanto. Mais uma vez, obrigado pelo comentário. Quero ler mais textos seus!
ResponderExcluirÉ quase como ser cego e ver poemas.
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