Sabia que aquilo tudo era digno.
Era bonito demais, na verdade. Demorou para aceitar que aquelas palavras e
marcas eram direcionadas para si. Agradece por dentro, as aceita com
dificuldade por não poder retribuir. A cada dia que passava re-descobria algo novo
que provava ser tudo aquilo para mais ninguém, mas para si. Não havia mais dúvida
diante de tantas pistas que surgidas e somadas ao longo do tempo tornaram-se
provas. De beleza, dedicação, fixação, talento, medo. Coragem de dizer aos sete
ventos, receio de olhar nos olhos e dizer diretamente a quem se endereça a
obra, a energia, a expectativa e em algum momento, até mesmo a frustração. Foi
tudo lido, é tudo lindo de verdade. E permanece, pois homenagem e apreço não se
paga, se recebe. Disse então sim porque sim, para tanto sentimento bom e bem
dito. Aceitou receber, mas não iludir o remetente. E desejou no mais íntimo de
seu aceite, que aquele remetente logo conseguisse remeter tanta beleza e
dignidade para outrem que lhe pudesse retribuir.
domingo, 20 de abril de 2014
sábado, 12 de abril de 2014
O primeiro show a gente nunca esquece
Eu sei que eles sabem que é bom.
Vejo ainda a memória do prazer em seus corpos, cada qual em seu momento, em seu
ritmo de instrumentos diferentes que se uniam com olhares, acordes e batidas.
Pura química. E balança a cabeça num ritmo que não se repete, que se faz quando
a energia toma o corpo. Eu vi e eles não sabem como é isso; eles sabem sentir.
Gostam todos, os que veem e os que são vistos, de vouyerismo. A espontaneidade
daquela tocação de música dá tesão. Talvez eles não saibam, mas os vi nus;
foram se despindo aos poucos, relaxando, ousando, investindo, fazendo, gozando.
O recorte de seus rostos imersos em um não-sei-quê de êxtase me fez querer
tocar mais de perto você e toda aquela artística orgia. Eu gostei e queria
mais. Primitivamente. Era permitido, era evidente. Mas não escancarado. Era sexo
com público, pois em público já seria atentado ao pudor. Inteligentes
e talentosos, eles sabem gozar; se deixar ver e se deixar mostrar.
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Experimente ler ao som de Chasing Pirates, de Norah Jones, na versão remix: https://www.youtube.com/watch?v=ZnS4zft-Rls.
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