Ir
fundo. Sustentar-me nas profundezas. Não sei nadar. Sempre me
mantive no raso, flertando com a parte mais funda. Ouso caminhar em
direção ao que não dá pé, mas paro antes de me tirar o chão.
Por quê? Por que achar que do chão não passo? A morte do corpo é
certa e, em carne, não me penso em outro destino senão o subsolo.
Por que acredito que o solo é concreto demais para deixar de ser? O
que dizer dos terremotos, então?
A
vida é sábia. Até posso aprender com as contradições que ela
espelha em mim, mas não é fácil. Ser humana é ser bicho estranho
que, onde pensa, acha que se sabe, mas onde não sabe que pensa, se
é.
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