sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Minuto de Filosofia

Meu coração vibra na pétala daquela flor.
Ou seria a flor que vibra em meu peito?
Botão de rosa que bate pétala por pétala.
Coração que desabrocha.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Espelho

Olheiras marcadas e sobrancelhas espalhadas. Ao redor dos olhos, a pele flácida, feito suas certezas, cansadas de titubear. Olhava para si e via que a morte assusta. A vida também. Lembrava das vidas pelas quais lutou e das dores que não mais se vão. Pensava em histórias pra contar. Ou calar. Já não sabia dizer quais lutas ainda valiam a pena. Sofria de saber.

Ali, em frente a si, olhava a lágrima pesada desabar a dor que a palavra não diz.

domingo, 16 de abril de 2017

De vidas e idas

Aquela emoção que não se deixa ser. Abafada, mofa. A fluidez congelada. A quase onda. A dor amorfa. Uma criança que chora por não saber falar. O choro não vem, porém. Essa dor espanta, arregala. No estômago, o soco do tempo e da repetição. Parece arranhão, que faz o disco soluçar; mas é mar. A vida que te puxa e devolve em outro lugar.

Meus olhos acessam você onde não está. Posso ver, mover, criar. Ouço. Sua voz flutua na espiral do meu desejo. Seu sorriso está comigo mas o sorrir é seu.

A pressão e a preciosidade. O tremor do temor. Queremos encher nossa colher de amor. E não só.

sexta-feira, 24 de março de 2017

Aquiles

É mais fácil chorar de dor de calcanhar. Dor de pé no chão. Ali posso me deixar mancar, falhar por motivos racionais.

Dor concreta é a do pisar. Do pesar. Uma dor de pele. Não consigo me tocar.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Excitação Gramatical

Palavra espessa
Palavra expressa
Palavra presa
Palavra pressa
Palavra tesa
Palavra pesa

Palavra
               testa
Palavra

domingo, 19 de fevereiro de 2017

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Do que se deixa morrer

Cair dos corpos invisíveis. Pessoas. Andavam tropeçando na cegueira. O dia era tenso e a noite, muda. Alguns aceitavam qualquer alívio. Pode tudo sim. Pode pôr na parede, bater. Mata, mata, mata!  Sorrisos e palmas cruéis.  Tempos de guerra ou normais. A voz que pede paz é a do capataz.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Numa noite branda de verão

Ali, recostada em seus travesseiros, a vida parecia calma. Era de se acreditar.

Ali, parada, o pulsar da mente apertava o coração, naquela sensação estranha de se sentir existir. Sabia de cada batida no peito. E não queria saber tanto assim.

As palavras estavam cansadas. Há meses impedidas de se encantar, viraram dureza. Em parte. Porque palavra voa, é feita de vento e atrito. Até canto ela vira pra não desencantar.

Ali, parada, deixou-se ser e estar. E enquanto sentia coisas de se duvidar, as palavras vieram mansas, pelos poros lhe atravessaram, tocando-lhe o corpo e nomeando seus afetos. Feito vento que refresca a alma.