sábado, 5 de setembro de 2015

Me-te-se-nos ou Tempos Verbais


Hoje estava perigosa, com medo de si. Solta, gostosa, querendo mais. Prazer em si mesma já conseguira. O que queria mesmo eram outros braços, outras pernas... Outra pele. Queria o detalhe, a surpresa do ato. Algo diferente do que fosse seu. Aquele puxão, arranhão, um tapa de tesão. Dedo na boca entre beijos de se perder... e se achar sendo outra de si.

Ela queria sorrir de gargalhar. Permitir-se. Dizer 'tanto faz' ao escolher os melhores desejos carnais. Realizar. Arrebatar. Ser verbo, para conjugar. Porque ela quer aquele que conjugue o singular no plural. Ela quer outro eu em nós que se saibam desatar.

Agora ela está livre, segura em si. Esta noite dormirá com seus desejos no futuro do presente; pois ela quer tudo, não qualquer coisa.

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