Nossa relação com o tempo está tão impositiva que ficou chata, até. A gente nem sabe o que está fazendo com ele... E terminar a relação é acabar com tudo, com qualquer possibilidade de negociação. Seria realmente acreditar que o tempo não serve pra nada. Mas ele serve pra tanta coisa... Pra pensar, conquistar, começar, terminar, mudar, perceber, compreender, descobrir, aprender, arrepender, sentir, sonhar, dormir, lembrar, esquecer, pirar, realizar, demenciar, apaixonar, desiludir, alcançar, dançar, crescer, envelhecer, amadurecer... Viver, morrer.
Tempo é dinheiro? Apenas e tão somente? Quanto tempo o tempo tem?
Tempo... Eu te namoro há tanto tempo que nem sei se tu és meu. Ou se existo apenas porque sempre esteve comigo, em cada segundo da minha existência. Tempo... Lembrei de Deus. Tempo... Um curioso mistério. Não quero apenas te desfrutar. Quero amar-te e respeitar-te, na saúde e na doença. Quero aprender a conviver contigo pois está comigo em todos momentos. Algumas palavras não existiram sem você. Na verdade, o que seria a vida sem você?
Tempo... Andam querendo muito te controlar. Querem mexer no que há de mais genuíno em você, no seu ritmo. Até as frutas estão perdidas! Na fruteira aqui de casa, bananas de verdes ficaram velhas. Elas se esqueceram de como amadurecer? Acho que esse mal também tem acometido pessoas por aqui, querido tempo.
Obrigada por existir e por me fazer ser e estar... E tantos outros verbos. A sua presença é sagrada e faz história, mas as vezes banalizamos isso com o costume dos relógios. Querido tempo, que a nossa existência valorize a sua. E que isso nos conduza a uma convivência respeitosa e a uma existência mais presente. Afinal, do que a vida é feita senão de muitos presentes?
Que duram como experiência.