sábado, 31 de maio de 2014

Rambla

Seu corpo é tão novo pra mim quanto sua boca na minha.
Meu anseio é tão seu quanto o doce que você mastiga.
A loucura deste devaneio é o que me fascina.

O real é tão sonho quanto o que passou.
A lembrança, tão presente quanto o que ficou.
O silêncio, tão ciente quanto o não dizer.
O poema, tão incerto quanto este querer.

A rima é tão rara quanto a contenção.
Paciência, tão falsa quanto a decisão.
Extravaso nas batidas do meu coração.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Armadilha

Abriu a porta e se deixou libertar. Foi o que pensou. Mas não teve muita coragem de se afastar. Ficou por perto, pois a qualquer ameaça entraria em seu casulo novamente e não deixaria mais ninguém entrar. Por um tempo. E tão logo aconteceu, por mentira, equívoco ou sem desculpas quaisquer; algo a machucou, ela ainda não sabe dizer o quê. Saiu correndo para dentro, ignorou o sol, a brisa e a liberdade que poderia achar em outro caminho. Preferiu entrar e fechar a porta atrás de si. Ficando só, acompanhada da dor.