sábado, 6 de novembro de 2010

O Reino Encantado de Ali-é-nada

Era uma vez uma menina que sonhava em ter o mundo em seus braços. Ela sabia que eles ainda eram pequenos demais para isso, porém, acreditava que quando virasse gente grande tudo se resolveria. No começo as pessoas achavam que era apenas brincadeira da menina; acreditavam que ela realmente entendesse que a possibilidade de ela abraçar o mundo era tão evidente quanto a de se tornar uma chiquitita.

A menina cresceu, e com ela, a ambição de dar conta daquela esfera encantadora. Seus olhos brilhavam ao imaginar a cena e ela não via a hora de poder realizá-la, enfim, depois de anos de treino às escondidas. O grande dia chegou; um dia que acabou se estendendo também por anos. Isso porque ela não largou mais aquela esfera por mais que não a conseguisse rodear. A menina, agora mulher, convicta, dizia que voltaria para sua vida apenas quando conseguisse abraçar o mundo. Mas de fato ela não conseguiu. E o espanto tomou conta do mundo, porque todos, absolutamente todos, por tão impressionados com aquela convicção de anos, chegaram mesmo a acreditar na força daquela mulher.

Esta mulher, contudo, sempre soube que teria de ceder em algum momento. Afinal, um mundo, não se segura sozinho.

Ok. Mas quando foi que eu pedi ajuda para que o colocassem em minhas costas?

5 comentários:

  1. pois é...
    e ás vezes é difícil abrir mão desse mundo que agarramos pra nós
    por mais difícil que seja de carregá-lo
    e mais difícil ainda vê-lo partir.

    tb adoro muito tua escrita moça.

    beijos

    ResponderExcluir
  2. Moça,

    Não seja tão rígida consigo mesma. É verdade que um mundo não se segura sozinho, mas ele depende da força dos braços de pessoas com a sua vontade de fazê-lo bem.

    Podemos planejar e pensar em carregá-lo por anos sobre nossas costas, sem questionar se temos tamanha força. Não penso que isso seja algo de todo negativo, afinal, isso cria em nós mesmos um comprometimento em empenhar ações por um mundo melhor (nos mais variados sentidos). Em síntese, é bom sentirmos o peso do mundo sobre nossas costas de vez em quando, isso não é sinal de alienação, pelo contrário! (sem querer ser chato, eu escrevi sobre isso uma vez: www.meuspensamentosabstratos.blogspot.com/2009/10/o-mundo-pesa-nas-costas-nao.html)

    No entanto, é importante percebermos o quanto antes que não temos toda essa força. Os primeiros momentos causam uma certa aflição, angústia, até certa tristeza. Mas depois de algum tempo percebemos que aquela força que julgávamos possuir para carregá-lo, na verdade nós temos, mas não para carregá-lo sozinhos, e sim, para despertar em outras pessoas a consciência de que há um mundo esperando pelo apoio das costas delas. Ou seja, percebemos que devemos empenhar todas as nossas forças não em tentar levá-lo sozinho, mas em angariar mais pessoas para nos ajudar a carregá-lo; essa deve ser a nossa batalha diária. Conseguindo mais mãos, braços e ombros para nos ajudar temos mais força para conduzirmos também as nossas vidas, sem precisar abrir mão dela em prol do mundo.

    Por fim, é importante sabermos que conseguirmos apoio nessa "missão" não é nada fácil, talvez seja até mais difícil do que tentar carregar tudo sobre as nossas próprias costas. Nem todos entendem o chamado; muitos entendem, mas não querem doar um pouco de suas vidas... Enfim, tem muitos desafios nesse caminho, assim como muitos caminhos nesse desafio. Por isso repito, não desista tão facilmente, o mundo ainda precisa de pessoas como você, que um dia pensaram em carregá-lo nas costas.

    PS: Perdão por ter vindo desaguar as minhas abstrações por aqui. Não sei nem se essa moça é você ou se ela existe, mas se não for você e nem existir, ainda assim, leve o meu recado pra ela...

    ResponderExcluir
  3. Chegou de repente esse final... Essas coisas de abraço eu prefiro deixar para personas.

    ResponderExcluir
  4. Legal o seu texto senhorita!
    o difícil é sempre a dor de coluna né, é por isso que quando ficamos velhos a nossa coluna vai entortando, é o peso...
    Um grande abraço,

    ResponderExcluir
  5. Pois eh neh srta. P, adicionando um comentario ao que o Fernando aqui disse: a gravidade também não nos ajuda neh. Bjuu mana, inté. ;p

    ResponderExcluir