segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Cavaleiro andante

Tinha vinte e quatro velhos anos, tatuagens inventadas e sinceridade sem promessas. Seus gestos buscavam moldar afetos que mal cabiam em palavras. Ele era belo.
 
Tinha olhos curiosos, sorridentes e muito mais. Verdadeiros demais para não desejarem algo. Olhos sem medo de olhar.
Este moço gostoso desejava a vida tanto quanto o cigarro e o álcool. Certamente. Bebia e fumava a vida para intensificá-la. Morrer não era de suas escolhas primeiras, embora não negasse ser a última escolha da própria vida.
Por vezes tropeçava nas palavras, como nos primeiros passos, e seguia firme logo em seguida, com suas ideias ferventes e articulações inspiradas, intensas, vívidas... vividas no presente a cada segundo passado. Saltos, gaguejos... a vida brotando em cada poro de seu corpo. Ávida, afobada para respirar a cada som saído daquela bem boca dita e levemente delgada.
A angústia e o prazer de viver eram claros; unidos numa pororoca afoita, não raro. O doce e o salgado servidos no mesmo prato. Estrondoso, ele inda era moço e, desde o nome, tupi.