quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Rigor Mortis?

Deveria ter sido diferente. Mas ele teve de ser impulsivo. Foi quando entendi que de fato eu não sabia o significado da palavra proteção. Na verdade não foi nesse quando que entendi, mas depois. Um depois mais que alguns meros dias, quando eu tive de aprender a proteger alguém que agora terá de aprender por um caminho parecido com o meu e o de tantos outros - quase todos -, porém do seu próprio jeito.

Por que teve de me tirar a vida, não sei se consigo me lembrar por completo. Só não queria tê-lo encontrado novamente. Pior, ter lutado com ele novamente. Não sei o que ele sente, não sei o que sabe. Só não sei como explicar a quem eu protegia sua própria morte por uma briga que parecia completamente minha mas que nem eu entendia. E não entendo ainda.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Sabe o que não existe? Pois é... existe.

Se beijos não são promessas, caro Shakespeare, eles não deveriam ser beijos. Pois eles falam pelos cotovelos; tanto, que estes podem até sofrer de cãibra depois. Uma dor que repuxa, corta, demora. Dura... de fato não penso mais que se trate de algo que algum dia vá embora. Aprendemos apenas a negociar com ela: "um pouco de possível senão eu sufoco", já dizia Foucault. Ele sabia... pensa que não?

E Celine... Ah! Celine. Em algum momento acabamos entendendo o quanto, entre antes do amanhecer e do pôr do sol, a vida transborda. É que tudo cabe nessa dobra que se toca e não se fecha; num dentro-fora que se dilui no agora que já é lembrança antes de ir embora. Um passado que, antes mesmo de chegar, manda, pelo vento, seu recado: "I'll be there".

Confesso: das mais explícitas promessas, essa é a que mais detesto. Por sentir nela a verdade que é, mesmo ainda sem ser; aquela amostra grátis que a gente finge não querer.

Somos mesmo é delicadamente hábeis no cultivo da dor, tanto da que move, quanto da que mata - passando pela que esmaga.

Está chegando a hora de jogar na sua cara o que me engasga.